Pós-pandemia: o resgate da missão corporativa na transformação digital

Aposta é em estrutura mais horizontal, com maior autonomia às equipes e aos colaboradores, com gestão amparada pelos avanços da ciência e tecnologia

A organização do trabalho no mundo pós-pandemia ainda está em construção. Mas alguns sinais têm-se mostrado claros, dando elementos consistentes para o futuro: estamos falando de uma estrutura mais horizontal, com maior autonomia às equipes e aos colaboradores; e de uma uma gestão inteligente dos recursos proporcionada pelos avanços da ciência e tecnologia. Esse processo, contudo, exigirá um foco maior na missão e visão corporativos.

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Fernando Gabriel Horman

Essa é a aposta de Fernando Gabriel Horman, diretor acadêmico do mestrado em Engenharia de Direção Empresarial da Universidade de Buenos Aires (Argentina). Além da carreira acadêmica, tem pós-graduação em Finanças pela Harvard Business School e é consultor em uma empresa que leva seu sobrenome e acumula mais de 30 anos de experiência na área de supply chain, além de ter publicado diversos artigos técnicos sobre organização industrial.

 

Orange Business: O uso da tecnologia se disseminou no ambiente corporativo e não são poucos os analistas do setor que veem a pandemia como o impulso que faltava para acelerar a transformação digital. Isso mudará as relações de trabalho também?

Fernando Gabriel Horman: Estou convencido de que o avanço da tecnologia sempre vai implicar na melhoria da qualidade de vida do planeta. Isso é algo que a história vem demonstrando desde a revolução industrial até os dias de hoje, e nesse sentido é importante que os governos trabalhem para tais avanços cheguem de maneira equitativa a toda a população. É certo que as formas pelas quais o trabalho se realiza vão mudar, caminhando para um uso cada vez maior da digitalização e da inteligência artificial.

Orange Business: Quais foram os países latino-americanos mais diretamente impactados pela pandemia no aspecto laboral?

Fernando Gabriel Horman: Acredito que todo o planeta foi profundamente impactado pela pandemia, e em particular os países com maiores dificuldades socioeconômicas e/ou com um PIB per capita mais reduzido. Esses foram os que sofreram mais e que certamente demorarão mais para se recuperar. Aqui na Argentina imagino que será preciso um ano e meio para tratar de nos recuperarmos economicamente para somente depois tentarmos ingressar no caminho do crescimento sustentável.

Orange Business: O aumento em grande escala do trabalho remoto gera a necessidade de criar novas maneiras de medir a produtividade. Por onde os gestores podem começar?

Fernando Gabriel Horman: O conceito-chave dos próximos anos é capacitação para a transformação. As maiores produtividades virão do mundo da Indústria 4.0, e para isso necessitamos que exista uma enorme tarefa de aprendizagem e adaptabilidade daqueles que hoje têm empregos de baixo nível de digitalização. A escola japonesa de produtividade nos demonstra a possibilidade de gerar valor através da criação de profissões e transformação das mesmas mediante importantes saltos tecnológicos - e uma melhoria contínua nos níveis de eficiência e eficácia dos sistemas empresariais.

Orange Business: Muito capital foi investido para que as empresas pudessem funcionar com segurança em modo home office. Essa razão financeira é também uma motivação para que a transformação seja caminho sem volta, ou existe a possibilidade de que algumas companhias voltem ao que era antes da pandemia assim que possam?

Fernando Gabriel Horman: A digitalização é um caminho sem volta. Ainda assim, será como concluímos em um painel sobre a da indústria 4.0 do qual fui moderador: a velocidade de implementação vai ser muito diferente em função do desenvolvimento tecnológico e das possibilidades econômicas de cada indústria, bem como de seu tamanho e das facilidades de reconversão. A maior parte das empresas buscará esse delicado equilíbrio necessário entre a presença de seus empregados e o uso do home office ou escritório virtual.

Orange Business: O senhor imagina que haverá mudanças drásticas na hierarquia das organizações?

Fernando Gabriel Horman: Elas serão mais horizontais e com maior descentralização da autoridade, além de um uso mais forte do conceito de empoderamento. O trabalho em equipe, mais que nunca, será chave para o sucesso corporativo, devido ao modelo remoto. A inteligência artificial continuará avançando naquelas decisões que requerem caráter lógico-racional, cabendo aos líderes de distintos níveis empresariais as decisões mais estratégicas e criativas, com clara orientação em relação à missão e à visão da empresa.

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