Conectividade, disponibilidade, segurança da informação e produtividade. As questões práticas e técnicas da mudança em massa para o modelo de home office foram amplamente discutidos desde o início da pandemia do coronavírus. Ultrapassada essa primeira etapa, companhias enfrentam um desafio ainda mais complexo: a gestão de pessoas. E isso sob dois aspectos, que têm suas próprias nuances e demandas: o trato diário com o time e o sensível processo de recrutamento e seleção.
Ainda não se sabe quando o home office deixará para trás a característica de imposição e voltará a se tornar uma opção de modelo de trabalho. Mesmo que fosse possível vislumbrar o fim da pandemia, a tendência é que muitas companhias mantenham parte de suas equipes longe dos escritórios após o fim do isolamento. Segundo o estudo “Tendências de Marketing e Tecnologia 2020: Humanidade Redefinida e os Novos Negócios”, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o número de empresas que incorporarão o trabalho remoto em sua rotina pós-pandemia deve ser 30% maior do que o atual.
O coronavírus pode ser passageiro. Mas seus impactos, certamente, não serão.
“Aqui são mais de 24 mil pessoas no mundo todo trabalhando em home office e o processo de contratação já era quase 100% online, mesmo antes da pandemia”, conta o head América Latina da Orange Business, José Renato Gonçalves. O grande número de profissionais fora do escritório facilitou a adequação ao cenário provocado pela pandemia da Covid-19, porém não isentou a multinacional de desenvolver uma abordagem diferente no relacionamento com a equipe.
Gonçalves compartilha, então, metodologias já consolidadas e técnicas recém-estabelecidas que podem ajudar outras organizações a construírem seu próprio modelo de gestão de pessoas no ambiente remoto.
Trato diário
Antes de o coronavírus chegar, o trato diário com a equipe no ambiente remoto não demandou mudanças muito significativas na gestão do time, até porque a adoção foi feita de forma paulatina. Gerir a equipe a distância dependia, basicamente, de confiança e compromisso com entregas. Mas o novo cenário exige uma nova abordagem, especialmente das lideranças. Empatia e cuidado com a saúde mental se tornaram prioridade.
“Em nossas reuniões, seja com apenas dois integrantes da equipe ou com grupos maiores, sempre damos um tempo para as pessoas falarem de como estão vivenciando o isolamento social. É um período que deixou a todos mais frágeis ou sob pressão, e é importante que as pessoas se sintam à vontade para externalizar isso. Até porque precisamos levar isso em conta na hora de delegar responsabilidades para cada um”, conta o executivo.
A empresa também tem feito atividades mais recreativas, como happy hours virtuais ou conference calls nos quais a equipe pode simplesmente confraternizar online.
Recrutamento e seleção
Já o processo de recrutamento e seleção envolve mais etapas e diferentes abordagens. Postulantes a cargos mais altos passam primeiro por uma entrevista com a equipe de RH, que inclui um teste de inglês. Depois, outra com o gestor da área. Anteriormente à pandemia, essa última etapa acontecia presencialmente, mas isso evidentemente precisou mudar. “Com o coronavírus, substituímos as entrevistas pessoais e dinâmicas por vídeos e apresentações. Assim, vemos detalhes no gestual e na fala, que são muito importantes para captar o perfil da pessoa”, diz Gonçalves.
A equipe de RH estudou o resultado das entrevistas presenciais em comparação com as realizadas com recursos audiovisuais e avaliou que o impacto na eficácia do processo é bastante pequeno.
No caso de cargos não gerenciais, tudo começa com um questionário e um teste de inglês. A dinâmica de grupo, que se sucedia à primeira etapa, foi substituída pelo envio de um vídeo, cujo conteúdo deve seguir orientações da equipe da Orange Business. A etapa seguinte – e decisiva – é uma entrevista online com o gestor.
“Esse novo processo é tão eficiente que estamos pensando em incorporar essa apresentação em vídeo mesmo quando o isolamento social não for mais necessário, e também em incluir essa etapa como rotina nos cargos seniores”, aponta Gonçalves.
Adaptabilidade necessária
“Fomos todos empurrados para essa transformação digital na forma de contratar. E o ser humano está no centro disso tudo. O exemplo deve vir de cima - e quanto menos lutarmos contra essa inovação, mais eficientes seremos”, finaliza Gonçalves.
Saiba mais:
Com mais de 15 anos de experiência em tecnologia da informação e telecomunicações, José Renato de Mello Gonçalves é o Vice-Presidente da Orange Business para a América Latina. Nesse cargo, José lidera os times de vendas e pré-vendas na implementação da estratégia da empresa de tornar-se um parceiro de confiança na transformação digital dos nossos clientes na América Latina.