No mundo da tecnologia da informação existem conceitos que aparecem de tempos em tempos, assumindo um papel de destaque no debate entre profissionais da área. Primeiro, esses conceitos surgem como tendência, depois se tornam regras e, por fim, ficam obsoletos. Em resumo – tudo é cíclico quando falamos em TI. Com a crescente aceleração da digitalização dos negócios, esses ciclos têm sido cada vez mais curtos. Um bom exemplo é o do conceito de TI Bimodal.
O termo, evidenciado pelo Gartner em 2014, se refere à divisão da TI em duas vertentes: o "Modo 1", focado em estabilidade e confiabilidade, e o "Modo 2", que se concentra na agilidade, flexibilidade e na capacidade de operar no campo da inovação, uma área de grande incerteza. A “TI Modo 1” suporta um ambiente de negócios evolutivo, enquanto a “TI Modo 2” trabalha guiada pela experimentação.
Porém, com a massificação da adoção da nuvem nos negócios, tanto para sistemas legados quanto para aplicações e serviços, esse conceito, que não era exatamente novo, perdeu força muito rapidamente. Menos de um ano após a conclusão do Gartner sobre o tema, começaram a surgir os primeiros questionamentos.
É preciso reconhecer que algumas empresas que passaram a operar dentro do modelo de TI bimodal, conseguiram executar ambos os modos na nuvem com êxito. No Modo 1, trabalham com softwares-como-um-serviço (SaaS), serviços gerenciados e até com a virtualização de diversos aplicativos. Já no Modo 2, desenvolvedores estão colaborando dentro de ambientes de testes de provedores de serviços na nuvem, experimentando diferentes configurações paralelamente.
Mas, se a migração de sistemas e aplicações para a nuvem traz justamente flexibilidade e agilidade, logo, dividir a TI em segmentações distintas pode passar a ser um movimento estratégico desnecessário.
Partir para o ambiente digital é essencial para o futuro de qualquer empresa, sobretudo para controlar custos e atender as expectativas de seus clientes sem perder tempo. No entanto, a transformação de qualquer organização é um grande desafio. Tentar modernizar todas as aplicações diretamente para a nuvem só será algo prático se a área de TI da empresa tiver à sua disposição uma equipe enorme de desenvolvedores.
Priorizar as aplicações mais importantes e seguir gradativamente até que tudo esteja na nuvem, pode ser o caminho mais adequado, e isso é plenamente executável sem a necessidade de setorizar o time de TI. Diante disso, o conceito “Bimodal” perde sentido. E que venha o próximo ciclo.
Leandro Laporta ingressou na Comunidade Climate Fresk há 2 anos e tem trabalhado com Sandra e Bertrand para disseminar essa iniciativa como facilitador nas Américas. Ele é um a peça - chave na América Latina, ajudando a criar um grupo de Facilitadores para workshops a serem realizados tanto em português quanto em espanhol. Tem como objetivo treinar a equipe da LAM e, acima de tudo, nos ajudará a alcançar nosso objetivo global de ter 60% dos funcionários da Orange Business capacitados até o final do ano.