Uma pesquisa da McKinsey à qual tive acesso mostrou que as empresas no quadrante superior para diversidade de gênero nas equipes executivas tinham 25% mais chances de ter uma rentabilidade acima da média. No entanto, estamos vendo menos mulheres entrarem na indústria de TI. No Vale do Silício, apenas 13% dos cargos de gerência são ocupados por mulheres. Ao mesmo tempo, as mulheres representam menos de 7% entre os empresários.
As mulheres continuam sub-representadas na economia digital
As mulheres estudantes e funcionárias ainda estão sub-representadas nos setores relacionados à STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Menos de um terço das estudantes do sexo feminino optam por cursos superiores de matemática e engenharia. As mulheres que trabalham nestas áreas publicam menos e recebem, em média, 10% a menos.
Não posso deixar de lembrar que a Organização das Nações Unidas considera que a ciência e a igualdade de gênero são fundamentais para alcançar as metas de desenvolvimento sustentável do mundo. Mas também é necessário ressaltar que os preconceitos de longa data e os estereótipos de gênero estão afastando as mulheres dos setores relacionados à ciência.
O digital trata de empoderar as sociedades no futuro, mas é bom considerarmos que apenas 17% dos especialistas em TIC são mulheres, e 19% dos empresários europeus de TIC são mulheres. Acredito que as mulheres devem ter participação ativa na tecnologia para moldar uma economia e, em consequência, uma sociedade digital sustentável.
Nosso exemplo para acabar com a lacuna de diversidade de gênero
Em 2019, assinamos aqui na Orange o UNI Global Union, um acordo global sobre igualdade de gênero no local de trabalho, equilíbrio com a vida pessoal e combate à discriminação. O acordo estabeleceu um novo marco no compromisso social da Orange. Dois anos depois, a Orange ficou no top 10 entre 3.700 empresas em todo o mundo em termos de igualdade de gênero. Atualmente, 36% dos nossos funcionários são mulheres, sendo 32% em cargos de gerência e 20,5% em funções técnicas.
No ano passado, o programa ‘Hello Women’ ajudou a aumentar a representação feminina nas funções de trabalho digital e técnico. O programa, criado pela Orange, foi projetado para ampliar a conscientização de cargos técnicos entre meninas e estudantes e, ao mesmo tempo, identificar, recrutar e reter mais mulheres nessas profissões.
Na área de treinamento, a Orange Foundation criou 320 casas digitais, muitas delas na África. Estes centros são projetados para fornecer treinamento gratuito às mulheres a fim de apoiar a conscientização digital e desenvolver atividades geradoras de renda. Ela lhes proporciona treinamento básico em software, uso da Internet e gestão financeira.
Empoderando mulheres na era digital
Para contribuir ainda mais com a diminuição da diferença de gênero no trabalho, considero primordial que as mulheres sejam incluídas nos desenvolvimentos digitais e não percam os futuros empregos digitais. Uma constatação é que apenas 12% dos pesquisadores em inteligência artificial (IA) são mulheres. Se os homens predominantemente projetam IA, há um risco de que ela reproduza ou mesmo amplifique as desigualdades existentes.
Ao mesmo tempo, é fundamental que as mulheres jovens tenham mais modelos na indústria e sejam encorajadas a entrar no mundo digital em evolução. Se posso deixar um conselho é para que, ao entrarem na indústria tecnológica, as mulheres ousem. Por que? Porque nós temos tudo a ganhar nos nossos trabalhos, assim como no mundo e nos negócios.
Com mais de 15 anos de experiência em tecnologia da informação e telecomunicações, José Renato de Mello Gonçalves é o Vice-Presidente da Orange Business para a América Latina. Nesse cargo, José lidera os times de vendas e pré-vendas na implementação da estratégia da empresa de tornar-se um parceiro de confiança na transformação digital dos nossos clientes na América Latina.