O gerenciamento de redes sempre foi uma tarefa complexa, sobretudo quando feito em escala industrial. Trata-se de um trabalho altamente específico, que demanda dedicação dos envolvidos e gera custos. Durante muito tempo a comunidade de TI esperou por uma tecnologia que chegaria para simplificar a administração de redes, e quando ela chegou, os sentimentos se tornaram difusos. Primeiro houve a esperança, depois a negação e, por fim, o medo. Afinal, ao automatizar uma rede, para onde iriam os profissionais que a faziam?
Todo o receio gerado pela evolução das redes definidas por software tem origem no caráter único da profissão de administrador de redes. Até hoje, não são raras as situações em que eles são vistos como super-heróis da TI, acionados quando nenhuma outra solução parece possível. Enquanto profissionais de outras divisões da tecnologia - como os administradores de servidor - se viam ameaçados por virtualizações e automações que teoricamente poriam em xeque o valor de seus conhecimentos, os gestores de rede seguiam intocáveis.
Agora chegou a hora de mudar, e esse movimento não tem volta. O IDC prevê uma taxa de crescimento de mais de 89% no mercado de redes definidas por software até o final de 2018. Diante disso, é preciso compreender a rede como o ponto de partida para tudo. O SDN chega não para substituir o profissional, mas para impulsionar a rede, orquestrando suas funções com as aplicações e enriquecendo o serviço, o que impactará diretamente na eficiência de um negócio. O especialista de rede segue sendo necessário, pois é ele quem compreende toda a infraestrutura do que é a razão de ser para o funcionamento de todos os outros elementos da TI. Sem rede, não há nuvem, por exemplo.
Um olhar superficial sobre a questão pode levar a crer que, se a rede é gerida por um software, bastaria um programador para mantê-la funcionando. Mas é o administrador de redes quem conhece o sistema legado, que não deixará de existir. Entretanto, esse fato não deve deixar os especialistas de redes muito confortáveis. A palavra de ordem, no momento, é atualização.
Administradores devem assumir um papel de liderança diante de suas redes, sejam elas virtualizadas, definidas por software, ou de qualquer outra forma. A rede existe para habilitar o negócio, portanto, é preciso priorizar a performance das aplicações. O administrador de rede bem-sucedido será aquele que usar todas as ferramentas à sua disposição para garantir que isso aconteça.
O SDN e seus conceitos estão mudando a rede e a TI. Os profissionais da área também precisam mudar. Não são os postos de trabalho que vão desaparecer, e sim uma nova consciência que irá surgir. A próxima era da rede exigirá uma compreensão cada vez maior do papel da infraestrutura, o domínio do conjunto de ferramentas profissionais, que vive em constante evolução, e a sua gestão, de natureza cada vez mais colaborativa. O passo mais decisivo para o futuro do administrador de redes, será conseguir administrar a si mesmo.
Com quase 20 anos na Orange Business, Felipe Stutz é o diretor de soluções para a América Latina, gerenciando e desenvolvendo todo o portfólio de soluções da empresa na região. Ao longo dos anos, Felipe ocupou diversos cargos em desenvolvimento comercial, pré-vendas e operações e tem atuado em atividades de vendas com foco em inovação e criação de valor para os clientes e no desenvolvimento de estratégias e soluções de negócios.