Diversas análises mostraram que empresas com diversidade de gênero tendem a ter melhor desempenho e ser mais inovadoras. Nas Américas do Sul e Central, a participação das mulheres no mercado de trabalho passou de 44,5% em 1995 para 52,6% em 2015 devido aos avanços na educação e saúde, bem como ao aumento da oferta de vagas de atendimento à primeira infância por meio de subsídios do setor público. Além disso, a maioria dos países da região apresenta maiores taxas de matrículas no nível superior e no mestrado, em comparação com os homens, segundo dados da Unesco.
Se a posição das mulheres na economia mundial for equiparada à dos homens, estima-se um aumento de 26% do PIB global para o ano de 2025, segundo levantamento da McKinsey. Embora todas as regiões tenham a oportunidade de aumentar seu PIB reduzindo a disparidade, na América Latina e no Caribe a cifra esperada seria de 34%. Por sua vez, o Global Gender Gap Report do World Economic Forum afirma que pode levar 108 anos para eliminar a diferença de gênero e 202 anos para alcançar a igualdade no emprego em nível global.
Preparados para o que está por vir?
A pandemia de COVID-19 destacou a importância de bons líderes no gerenciamento dos momentos mais críticos e das consequências. Nesse sentido, ficou exposta a necessidade de um novo modelo de gestão em que os desafios enfrentados pelos líderes sejam sustentados por novas qualidades e valores essenciais para enfrentar o futuro dos negócios.
Uma pesquisa recente da EY revelou dados encorajadores sobre as perspectivas de liderança feminina nos próximos tempos. O relatório destaca que 71,98% das mulheres consideram que estão preparadas para liderar equipes neste novo ambiente, percentual pouco superior ao dos homens pesquisados (71,90%). Além disso, a partir dos 45 anos, elas têm uma visão mais otimista sobre desenvolvimento profissional do que eles. As mulheres com menos de 45 anos sentem que têm menos chance de crescimento e que o teto não se rompe até que ultrapassem essa idade, por isso é fundamental trabalhar a partir da organização nessa percepção para reduzir a lacuna.
Quanto aos principais desafios para os novos líderes, encontramos: manter a continuidade dos negócios, gerenciar pessoas em ecossistemas digitais, fornecer-lhes novos conhecimentos, monitorar seu desempenho e promover a motivação em um espaço remoto. Além disso, a figura do líder inclusivo é uma condição necessária e inerente ao desempenho eficaz das pessoas no atual momento de trabalho.
Equipes compostas por funcionários do sexo masculino e feminino de várias gerações têm se mostrado mais inovadoras e resilientes. Da mesma forma, a tendência à aprendizagem constante dos mais novos é complementada pela capacidade de resolução de problemas complexos dos mais velhos: a soma de ambos é a chave do sucesso.
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho constatou que a proporção de mulheres em cargos de chefia está crescendo consideravelmente em todo o mundo. Desde 2002, tem havido uma tendência constante para que mais e mais pessoas preencham esses cargos vagos rapidamente, especialmente na Ásia-Pacífico, América Latina e Ásia Central. Considera-se que há equilíbrio, tanto na força de trabalho em geral quanto entre os gerentes seniores, quando a relação entre os dois sexos é de 40/60. Assim, empresas com políticas de igualdade de oportunidades de emprego e culturas inclusivas têm uma probabilidade considerável de aumentar seus lucros e produtividade (mais de 60%) e de melhorar sua reputação, atraindo e retendo talentos com mais facilidade e alcançando níveis de maior criatividade e inovação (quase 60%).
Por fim, a diversidade de gênero faz parte de uma ampla dinâmica de práticas organizacionais inovadoras e sustentáveis, que permite às empresas estar verdadeiramente focadas no futuro e em como prosperar em um ambiente globalizado e em mudança.
George Paiva é gerente de Recursos Humanos para América Latina na Orange Business.