Mais do que extrair dados, o conceito de IoT está relacionado à capacidade de obter informações valiosas para o negócio. Para isso, é preciso criar processos e otimizar a análise dos dados.
Há pouco mais de dez anos, a indústria de tecnologia da informação estava alvoroçada com as possibilidades que a Internet das Coisas (IoT, da sigla em inglês) traria. Sensores inseridos nos mais diversos objetos - desde máquinas em parques industriais até cafeteiras nas casas das pessoas - gerariam uma infinidade de dados. Esse conteúdo, assimilado por soluções de Big Data, Analytics e Business Intelligence, daria acesso a informações ricas e, até então, inatingíveis, que permitiram os mais assertivos e inimagináveis insights de negócios.
Não que essa previsão não tenha se cumprido. Vemos iniciativas por parte do governo e empresas do setor de utilities usando a tecnologia para gestão de recursos públicos, como o setor elétrico ou de abastecimento de água, por exemplo, no qual os dados extraídos de medidores de consumo fornecem insights para otimizar a distribuição e faturamento.
E o futuro continua pautado por esse movimento. No próximo ano chegaremos a um total de 14,2 bilhões de dispositivos conectados e, até 2021, esse total deve chegar 25 bilhões de equipamentos, de acordo com o Gartner. Mas, passado o afã das expectativas, o mercado tem de lidar, agora com uma reflexão tão importante quanto necessária: o que fazer com tantos dados? Eles são, realmente, necessários para as estratégias de negócios ou só estão tomando tempo e dinheiro das organizações?
Encontrar a aplicação correta dessas informações é um dos principais desafios das organizações. É preciso, portanto, lembrar que a real revolução das coisas conectadas depende de uma sequência lógica. Considerando a jornada de dados, precisamos de seis etapas: coleta, transporte, proteção, armazenamento e processamento, análise de dados e compartilhamento.
O momento, portanto, é de organização de processos por meio de iniciativas focadas, especialmente, nas últimas duas fases: análise e compartilhamento. Nesse ponto do ciclo, entram aplicações de ciência de dados, Big Data, inteligência artificial e soluções digitais, que extraem informação e insights estratégicos do dado - que antes era bruto e descontextualizado - e trazem maior inteligência e novas aplicações para suportar diferentes áreas do negócio. Além disso, melhorar a comunicação entre clientes e times internos é o que vai permitir desenvolver, de maneira colaborativa, melhores produtos, serviços e soluções com base nos insights.
O uso de plataformas baseadas em IoT também podem ir além da coleta e análise de dados, abarcando novos modelos de negócios e de conexão entre consumidor e empresa. Por exemplo, no Brasil foi lançado recentemente um sistema de compartilhamento de bicicletas dockless, pelo qual a plataforma de IoT é fundamental para a disponibilidade do serviços. É por isso que o próximo, e urgente, passo é conectar a grande base de dados aos processos de decisões e olhar a IoT como um meio - não como um fim ou como um produto final. Somente assim as organizações poderão realmente melhorar a experiência de seus clientes e encontrar novas formas de otimizar o negócio, ou criar novos horizontes.
Com quase 20 anos na Orange Business, Felipe Stutz é o diretor de soluções para a América Latina, gerenciando e desenvolvendo todo o portfólio de soluções da empresa na região. Ao longo dos anos, Felipe ocupou diversos cargos em desenvolvimento comercial, pré-vendas e operações e tem atuado em atividades de vendas com foco em inovação e criação de valor para os clientes e no desenvolvimento de estratégias e soluções de negócios.